quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Nenhum a menos

Texto 24° Domingo do Tempo Comum

Neste domingo São Lucas nos introduz nas chamadas Parábolas da Misericórdia.  Utilizando-se de situações costumeiras mas, que de fato, são  irreais.  Por exemplo, quem tem noventa e nove ovelhas no deserto, vai atrás de uma que se perdera, abandonando o grande grupo e correndo o risco de na volta não encontrar
mais nenhuma.  O mesmo se diga daquela pobre mulher que, tendo perdido uma das dez moedas que possuía, ao encontrá-la, dá uma festa para as amigas, gastando assim todas as outras moedas. E, finalmente, qual o pai que daria a um filho menor, estando ele ainda vivo, a sua herança para que ele gastasse tudo que havia conseguido com tantos anos de trabalho?    

Certamente com essas situações concretas, Jesus nos quer mostrar o modo de agir de Deus e não dos homens.  Diante dos fariseus que o criticavam por se aproximar e tomar a refeição com os pecadores, Jesus não apenas mostra que a misericórdia do Pai é sem limites, como também implicitamente revela sua divindade, pois o modo de agir de Jesus é semelhante ao  do Pai.  Deus não quer a morte do pecador, mas sim que ele se converta e viva. (Ez 18,23).

Vale a grande máxima de Santo  Irineu de Lion:  a glória de Deus é o homem vivo.  Essa realidade deveria trazer alegria não só ao pai, ao pastor e à mulher que perdera a moeda, que são imagens de Deus, o Pai, mas também aos justos, simbolizados no irmão mais velho, nas amigas e nos amigos que são convidados para a festa.  Não é que Deus não sinta alegria por aqueles que não se perderam: aliás, estes são chamados a esperar e a partilhar o encontro com os que estavam perdidos, porque, nas palavras do Pai Misericordioso:  "Este meu filho estava morto e voltou a viver, estava perdido e foi encontrado".  No entanto, fica para nós uma profunda suspeita de quem realmente é justo diante de Deus, como se julgavam os fariseus, os publicanos e mestre da lei.  De fato o único justo é Jesus, o verdadeiro Filho, o nosso irmão mais velho, que veio atrás do irmão que se perdera, a humanidade mergulhada no pecado, no mal e na morte.  Para isso Ele iniciou uma grande viagem: sendo rico se fez pobre; sendo Deus assumiu nossa condição humana, descendo à mais profunda fragilidade dos homens, e aceitando inclusive ser exaltado na cruz para resgatar e atrair o irmão à casa paterna.  Neste sentido, as parábolas se fazem menores do que a realidade, convidando-nos a ser como este irmão mais velho que vai em busca daqueles que se perderam.


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