domingo, 29 de setembro de 2013

Tesouro escondido

26º Domingo do Tempo Comum - Reflexão


Amar a Deus e amar o próximo como a nós mesmos. Este é o grande ensinamento da Palavra de Deus.

No Evangelho de hoje, Jesus nos mostra o contraponto do mandamento do amor a Deus e ao próximo: o egoísmo de quem só pensa em si mesmo, tornando-se indiferente a todo e qualquer sofrimento. Não é que o rico fosse mau, injusto; mas era cego. E o pior cego é aquele que não quer ver. Seu coração estava cheio de si mesmo, preocupado com os banquetes, com as festas e com seu mundo egoísta.

Em nossos dias, a parábola se repete na relação entre indivíduos, na ostentação de uns que contrasta com a indigência de tantos, tendo como divisão o muro do egoísmo e da indiferença. Nada mais contraditório à narrativa do Juízo Final: "Tive fome e me deste de comer, tive sede e me deste de beber...Vinde benditos de meu Pai." (Mt 25,31-46)

Ao mesmo tempo, não são poucas as iniciativas de pessoas de boa-vontade que se preocupam com os mais pequeninos, realizando obras de misericórdia e, mesmo no silêncio, através de atos discretos, estendendo a mão e fazendo a diferença na vida de tantas pessoas.

São pessoas que, tocadas pela palavra de Deus, fazem o que está a seu alcance, dedicando tempo e recurso aos "Lázaros" de hoje. Neste dia da Bíblia, somos chamados a fazer da palavra de Deus um manual para as nossas vidas e fazer de Jesus o grande tesouro de nossa existência. (Lc 16,19-31)

Conta-se que um sábio homem, passando por uma aldeia, sentou-se sob uma árvore para ali passar a noite. De repente, um jovem chega correndo e suplica: "Dá-me a pedra preciosa." "Que pedra?", pergunta o homem. "Na noite passada, o Senhor me apareceu em sonho e me disse que após o pôr-do-sol, encontraria
um homem de Deus que me daria uma pedra preciosa, que me faria rico e feliz para sempre." Tomando do alforje, o sábio disse: "Provavelmente é isso que encontrei há alguns dias entre as pedras do bosque. É seu."

Maravilhado, segurando com firmeza o precioso diamante, o jovem se retira com a pedra que lhe fora dada. Durante toda a noite, revirou-se na cama sem poder dormir e, no dia seguinte, aos primeiros raios da aurora, correu até a árvore, acordando o homem e dizendo: "Por favor, te suplico, me conceda essa riqueza que te permite entregar a um estranho com tanta facilidade algo tão precioso."

O Reino do Céu é comparável a um homem que encontrou um tesouro... O tesouro verdadeiro. Que neste Dia da Bíblia meditemos sobre este tesouro.



quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A serviço de Deus

25º Domingo do Tempo Comum

Deus nos dá inteligência e forças para as aplicarmos na pratica da justiça, da honestidade e do bem. Se assim não fizermos, daremos contas a Ele.

Como qualquer um de nós, também Jesus teve de fazer uso do dinheiro para suprir as suas necessidades e as de seus discípulos. O texto de São Lucas cita um grupo de mulheres que os ajudavam com seus bens (Lc 8,2). Em outra ocasião, vemos Jesus dando esmolas, através daquele que era responsável por guardar o dinheiro, Judas (Jo 13,29). E até mesmo um dia, realizou um milagre para pagar o imposto imperial, fazendo tirar da boca de um peixe uma moeda (Mt 17, 26).

Para Jesus o dinheiro em si não era símbolo do pecado, mesmo porque o problema está no uso que fazemos dele. Em sua missão, Jesus experimentou o caráter ambíguo do dinheiro. Um dia Ele, que elogiara uma pobre viúva que depositava duas moedas no cofre do Templo, se entristeceu com a recusa do jovem rico em segui-lo exatamente porque tinha muitos bens. Por fim, o mesmo Jesus foi vítima do mau uso do dinheiro quando seu próprio discípulo, Judas, o entregou por 30 moedas.

Já em sua época o profeta Amós condena a corrupção generalizada, fruto da ganância pelo dinheiro que teria como consequência a experiência amarga do exílio na Babilônia. Sempre que se faz do dinheiro um fim e não um meio para se viver com dignidade ou um instrumento de solidariedade, corre-se o perigo da idolatria e de suas terríveis consequências.

Sabendo disto, Jesus conta a parábola que ouvimos hoje. Ao louvar a atitude do administrador desonesto, o Senhor não quer suscitar em nós sentimentos torpes ou atos imorais. Do mesmo modo que, quando conta a parábola do rei que deve avaliar suas tropas antes de guerrear com o reino vizinho, não nos estimula à guerra nem à violência, mas quer que saibamos calcular com sabedoria as consequências de nossos atos. Em relação ao administrador infiel, o que o Senhor elogia é sua habilidade em prevenir sua segurança no futuro.  Do mesmo modo, deveríamos ter esta astúcia em buscar a salvação de nossas vidas.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

"Sonho de Nossa Senhora"

Oração:

            Quem quiser aprender o Sonho da Virgem Nossa Senhora vá ao pranto Salomão e no alto da Oliveira, lá onde está Nosso Senhor Jesus Cristo, com grande suspiro que deu acordou o anjo Gabriel e foi dizendo:  "vamos e vamos, vamos e vivificais, nossos olhos a veremos, nossas bocas perguntaremos: Senhora vós dormis ou vigiais?"  "Filho, meu bento filho, eu nem durmo nem vigio e tive um sonho esta noite.  Foi um sonho que de irmão em irmão não sonharia: eu vi o sol suspirar, vi a lua gemer, vi as estrelas do Vosso preciosíssimo sangue correr, vi o Filho amarrado com as mais rigorosas cordas que se dava, vi o Coroado com a coroa de espinhos que se dava, vi dar beberagem de fel, vinagre, rosa e tucumã."
            Oh, Senhora eu a vós me entrego, se viveis acompanhais, se morreis alumiais, com três candeias acesas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.  Com o vosso manto seremos cobertos, não terei medo, nem temor, nem de cobra nem de homem morto.  Com esta oração, quem ouvir e não aprender sua alma passa pena. Com esta oração, quem souber e não ensinar sua alma pena até o dia do juízo.
            Amém

Ensinado por Maria Tellis de Sousa Reis

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Nenhum a menos

Texto 24° Domingo do Tempo Comum

Neste domingo São Lucas nos introduz nas chamadas Parábolas da Misericórdia.  Utilizando-se de situações costumeiras mas, que de fato, são  irreais.  Por exemplo, quem tem noventa e nove ovelhas no deserto, vai atrás de uma que se perdera, abandonando o grande grupo e correndo o risco de na volta não encontrar
mais nenhuma.  O mesmo se diga daquela pobre mulher que, tendo perdido uma das dez moedas que possuía, ao encontrá-la, dá uma festa para as amigas, gastando assim todas as outras moedas. E, finalmente, qual o pai que daria a um filho menor, estando ele ainda vivo, a sua herança para que ele gastasse tudo que havia conseguido com tantos anos de trabalho?    

Certamente com essas situações concretas, Jesus nos quer mostrar o modo de agir de Deus e não dos homens.  Diante dos fariseus que o criticavam por se aproximar e tomar a refeição com os pecadores, Jesus não apenas mostra que a misericórdia do Pai é sem limites, como também implicitamente revela sua divindade, pois o modo de agir de Jesus é semelhante ao  do Pai.  Deus não quer a morte do pecador, mas sim que ele se converta e viva. (Ez 18,23).

Vale a grande máxima de Santo  Irineu de Lion:  a glória de Deus é o homem vivo.  Essa realidade deveria trazer alegria não só ao pai, ao pastor e à mulher que perdera a moeda, que são imagens de Deus, o Pai, mas também aos justos, simbolizados no irmão mais velho, nas amigas e nos amigos que são convidados para a festa.  Não é que Deus não sinta alegria por aqueles que não se perderam: aliás, estes são chamados a esperar e a partilhar o encontro com os que estavam perdidos, porque, nas palavras do Pai Misericordioso:  "Este meu filho estava morto e voltou a viver, estava perdido e foi encontrado".  No entanto, fica para nós uma profunda suspeita de quem realmente é justo diante de Deus, como se julgavam os fariseus, os publicanos e mestre da lei.  De fato o único justo é Jesus, o verdadeiro Filho, o nosso irmão mais velho, que veio atrás do irmão que se perdera, a humanidade mergulhada no pecado, no mal e na morte.  Para isso Ele iniciou uma grande viagem: sendo rico se fez pobre; sendo Deus assumiu nossa condição humana, descendo à mais profunda fragilidade dos homens, e aceitando inclusive ser exaltado na cruz para resgatar e atrair o irmão à casa paterna.  Neste sentido, as parábolas se fazem menores do que a realidade, convidando-nos a ser como este irmão mais velho que vai em busca daqueles que se perderam.


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Amor sobre todas as coisas

Texto retirado do Folheto "A MISSA".
23º Domingo do Tempo Comum. 

Quem de nós nunca ouviu falar de conflitos familiares que antepõem sogra e nora, sogra e genro, em busca do amor do filho e da filha, do esposo e da esposa?  Não poucas vezes as esposas tem ciúmes das sogras e vice-versa, o que vale para genros e sogros, irmãos, netos  e avós e , até mesmo, amigos.

O Senhor, neste domingo, vem nos ensinar não somente a distinguir os diversos tipos de afeto como nos convida a reordená-los.  É evidente que a amizade que une duas pessoas trata de um amor diferente daquele que existe entre esposo e esposa, e este é igualmente diverso do que existe entre pais e filhos.  Na prática, sabemos que por mais que um filho venha a se indispor com os pais - o que infelizmente não é raro na adolescência -, estes nunca deixarão de amá-lo e de perdoá-lo, pois ele é parte da vida deles, a quem geraram num ato de amor.  Aliás, nisto consiste a verdadeira paternidade: um amor gratuito, desinteressado e presente em todas as fases da vida.  Já o amor entre os esposos necessita de investimento, de diálogo, muitas vezes de renúncia, em grau maior até do que em relação aos pais.  A cumplicidade de vida, o abrir mão da última palavra, da vontade pessoal, necessita de diálogo, de respeito.  Nunca se ouviu dizer que um pai ou uma mãe trocasse de filho...

Ao mesmo tempo, o amor entre os esposos é o amor que pode desembocar também na paternidade e na maternidade; e um filho une para sempre a vida de um homem e de  uma mulher.  Por esse motivo, não deveria haver ciúme entre os pais, a esposa e o esposo, porque são amores totalmente diferentes. É exatamente o amor a Deus que vai regular todo tipo de amor humano, que nos faz honrar os pais e que nos faz respeitar o cônjuge como presente e graça de Deus.  Não é à toa que, na celebração do matrimônio, um diz para o outro  "eu te recebo e te prometo".  Quando alguém ama a Deus sobre todas as coisa, é fiel á esposa ou ao marido, porque sabe que é um dom, um presente de Deus a quem devemos amar com santo temor.  Da mesma forma, em relação aos pais.  Amar a Deus sobre todas as coisas, não anula os relacionamentos humanos, mas os ordena, dando sustentação para que as circunstâncias da vida não desfaçam o verdadeiro amor, como castelo de areia ao sabor do vento.
                                                                             (Sb 9,13-18)
                                                                             (Fm 9b-10.12-17)
                                                                             (Lc 14,25-33)

                                                                                                             

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Mistério do Amor de Deus

Texto:  O Mistério do Amor de Deus do folheto A Missa - Solenidade da Santíssima Trindade.

Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro "O Pequeno Príncipe", dizia que "o mistério não é um muro, mas um horizonte". Deus é um mistério do Amor, e o amor é difusivo por si mesmo.  Ora, não se pode confundir o verdadeiro amor com egoísmo.  É bem verdade que amar a si mesmo é uma virtude - não nos esqueçamos do mandamento: amar ao próximo como a si mesmo!  No entanto, o amor só se realiza plenamente quando se difunde, quando aquele que ama, saindo de si mesmo, ama o ser amado. Sendo Deus Eterno Amor, não poderia começar a amar somente a partir da criação do ser humano. De fato, como nos indica a ciência, o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, surge somente há algumas centenas de milhares de anos.  Nem mesmo poderíamos indicar que Deus somente começou do universo que, como sabemos, tem sua origem há uns 15 bilhões de anos.  (Pr 8, 22-31).

É evidente que, antes que Deus criasse o mundo, Ele já era puro amor, o que se evidencia plenamente com a revelação bíblica que nos revela a Santíssima Trindade: desde sempre, desde a Eternidade, Deus, o Pai, ama e o objeto deste amor infinito é o Verbo Eterno, seu filho que, por amor, um dia se fez homem, Jesus Cristo.  Este Amor Eterno que une o Pai ao Filho é o Espírito Santo a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.  Jesus nos revela que Deus é uma  perfeita Comunhão de Amor.  (Rm 5, 1-5 )

Todos  nós somos chamados a testemunhar com nossas vidas este mistério no qual fomos batizados.  Aliás era este o convite da Jornada Mundial da Juventude em Sydney, Austrália, em 2008, cujo tema era:  " Recebereis o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas até os confins do mundo!"  Naquela linda cidade, cuja natureza se nos mostrava tão encantadora, os jovens do mundo inteiro podiam facilmente ler na criação a assinatura do Criador e concordar com um dos grandes convertidos do século XX, o chamado filósofo camponês, homem de cultura que através da natureza encontrou a Deus, Gustav Thibon, que dizia:  " O mistério não é um muro onde a inteligência esbarra, mas um oceano onde ela mergulha." (Jo 16, 12-15)                                                                                                                          


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Bem-aventurados os humildes

Reflexão do texto Bem-aventurados do folheto A MISSA do 22º Domingo do Tempo Comum.

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Quem não guarda no fundo do coração o desejo de chegar ao podium? Quem nunca teve a tentação de chegar em primeiro lugar, de furar uma fila, de dar "carteiradas", usar influências, de passar à frente de ter um tratamento diferenciado?... Observando as pessoas que se encontravam numa refeição que lhe fora oferecida por um fariseu, Jesus, profundo conhecedor da natureza humana, nos oferece hoje um grande ensinamento acerca das realidades sobrenaturais a que somos chamados. Em nosso dia a dia, fatos como este se repetem. Um assento no metrô, uma promoção na empresa, uma nomeação ou um cargo público, un convite VIP para um evento um título honorífico, uma foto no jornal. Estar em evidência, ser reconhecido, ou mesmo ser lembrado, são realidades que fazem parte da vida humana.

Há pouco tempo todos nós torcíamos por nossos atletas nos jogos da Copa das Confederações e ficávamos na expectativa de mais uma vitória. Jesus, no entanto, busca purificar esta sede que o homem tem, canalizando este desejo para aspirações maiores. Tomando o exemplo de Santa Teresinha, durante a Jornada da Juventude de 1997, o Cardeal Lustiger dizia à multidão de jovens reunida na praça do Trocadero, em Paris: "Vós, jovens, pela própria idade, sois ambiciosos, quereis fazer, construir, transformar o mundo, quereis muitas coisas. Por isso eu vos digo, sede ambiciosos, mas não pouco ambiciosos, tende no coração a suprema ambição, tende em vós a ambição do amor."

Em todo desejo humano deveríamos ter esta santa ambição. O amor de Deus nos estimula a desenvolver todas as nossas potencialidades a fazer bem aquilo que fazemos mas, ao mesmo tempo, a fugir da pior armadilha que é o orgulho que leva ao egoísmo, ao relacionamento interesseiro, à tendência desastrosa de querer levar vantagem em tudo em detrimento do próximo, não se importando em prejudicar, magoar e ser injusto com os irmãos.

Todos nós somos chamados ao banquete do Reino de Deus, onde o Senhor vai fazer-nos sentar à mesa. Passando por entre nós, há de nos servir numa festa que não terá fim. No entanto, este convite começa aqui e agora, na medida em que vencemos a tentação da arrogância, do desprezo, do orgulho egocêntrico. Neste mês que se inicia e, no Brasil, é dedicado de modo particular à leitura e ao estudo da Palavra de Deus, que nós possamos fazer da Bíblia, luz para nossos passos e lâmpada para nosso caminho.